Aqui dentro do apartamento, fora a pequena movimentação da Sílvia, no quarto que um dia foi dos meninos, só silêncio.
Da varanda envidraçada, vejo garotos correndo atrás de uma bola, na praça em frente, em meio à grama, lama e uma algazarra que não escuto.
Lembranças de outros tempos, outros Natais parecem ecoar a bonita frase do Cassiano Ricardo: “Nunca o silêncio gritou tanto nas ruas da minha memória”.
Sílvia agora apareceu na sala, carregando a Árvore de Natal do ano passado e mais um monte de papéis de presente, amarrotados e bem dobrados, que insiste em guardar.
“Pedro, a Márcia e o Bruninho ligaram, vão fazer uma “live” pela noite, os pequenos também vão participar”.
Que Natal diferente este, nada de abraços, de beijos molhados dos netos com cheiro de morango, só saudades!
E “saudade é canto magoado, no coração de quem sente, é como a voz do passado ecoando no presente”, cantava Patativa do Assaré, que sabia plantar sementes em terrenos férteis de recordações.
Mais sábia, ou quase tanto, é a Sílvia, que rompe o clima, abre os vidros da varanda, e a sala é inundada de sol e dos gritos das crianças na praça.
Uma chuva forte e rápida, misturada com um sol tímido, traz um cheiro de chão molhado, e a companheira de sempre chega junto e lembra que sempre, em todos os Natais, chove um pouco. Todos os Natais.
Outros Natais virão, a vida continua, e esses outros Natais serão acompanhados, novamente, de risos e abraços das crianças, dos netos, filhos, sobrinhos, dos amigos.
FELIZ 2021! E que bom que estamos juntos para comemorá-lo!!!!
Mensagem de Antônio Carlos dos Anjos Costa